O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), afirmou que os estragos causados pelas fortes chuvas que têm atingido as cidades gaúchas ao longo dos últimos dias devem resultar no “maior desastre do estado” e admitiu que será difícil resgatar todos afetados.
“Nós não teremos capacidade de fazer todos os resgates”, disse Leite, em coletiva de imprensa.
A previsão é que fortes chuvas continuem a afetar os municípios do Estado, em especial os localizados na região central, até o fim desta semana.
Ao menos dez pessoas morreram no Rio Grande do Sul. Outras 21 estão desaparecidas, em situação que mobiliza o governo e as prefeituras. A previsão, como mostrou o Estadão, é que os temporais avancem também para Santa Catarina nos próximos dias.
“Será o maior desastre que o nosso Estado já tenha enfrentado. Infelizmente maior do que o que nós assistimos no ano passado”, disse Leite.
Em setembro de 2023, ao menos 41 pessoas morreram após a passagem de um ciclone pelo Rio Grande do Sul.
Segundo Leite, os fortes temporais deste ano estão não só causando estragos, como dificultando a realização dos resgates dos desaparecidos. Balanço da gestão estadual aponta que o volume de chuvas já superou os 400 milímetros em algumas regiões
“No ano passado, por exemplo, no momento crítico de setembro, no Vale do Taquari, nós tivemos uma enxurrada, mas em seguida o tempo nos deu condição de entrar em campo para fazer socorro, resgate e salvar centenas de vidas”, disse Leite. “Neste momento, nós estamos tendo muitas dificuldades operacionais para colocar as equipes em campo, seja do Exército, da Brigada Militar ou do Corpo de Bombeiros”, continuou o governador. “É uma situação muito crítica.”
Nas redes sociais, Leite chegou a comparar as chuvas no Estado a um cenário de guerra. “Precisamos da participação efetiva e integral das Forças Armadas na coordenação deste momento, que é como o de uma guerra. Não temos um inimigo para ser combatido, mas temos muitos obstáculos”, escreveu em publicação no X (ex-Twitter).
Mais cedo, o governador anunciou ter entrado em contato com o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, para tratar de apoio do governo federal.
Ao longo do dia, governos de Estados como Santa Catarina e São Paulo, além da Força Aérea Brasileira (FAB), enviaram equipes para auxiliar nas buscas e no atendimento aos afetados.
No começo da noite, o presidente Lula publicou um trecho de conversar por telefone com Leite e manifestou a intenção de viajar até a região Sul. “Amanhã (quinta, 2) vou pessoalmente ao Sul para verificarmos a situação e o trabalho conjunto dos ministros com o governo do estado”, escreveu o presidente em publicação no X.
“São dez vidas perdidas, e infelizmente esse número tende a aumentar muito. Os números todos, neste momento, são absolutamente imprecisos, na medida em que vão aumentar muito”, disse o governador, também durante a coletiva.
Conforme balanço da Defesa Civil do Estado atualizado às 17h30 desta quarta, ao menos 114 municípios foram afetados pelas consequências das chuvas até o momento. São 1.072 pessoas em abrigos, além de 3.416 desalojados.
Ao todo, mais de 19 mil pessoas foram afetadas pelos temporais que atingem o Rio Grande do Sul. “A gente precisa que a população se coloque em situação de segurança o máximo possível”, disse.
O alerta, destacou, vale principalmente para moradores de regiões em que a situação é considerada crítica, como na região central do Estado, no Vale dos Sinos e na região metropolitana de Porto Alegre.
Veja medidas que devem ser adotadas diante de fortes temporais:
– Adotar medidas preventivas como permanecer em casa, se puder;
– Evitar atravessar áreas alagadas ou inundadas;
– Em caso de rajadas de vento, não se abrigar debaixo de árvores, pois há risco de queda e descargas elétricas, e não estacionar veículos próximos a torres de transmissão e placas de propaganda;
– Se possível, desligar aparelhos elétricos e quadro geral de energia;
– Procurar prestar auxílio a pessoas vulneráveis (idosos, pessoas doentes ou com dificuldade de mobilidade);
– Se você morar em áreas consideradas de risco, procurar a Defesa Civil da cidade para saber quais as medidas devem ser adotadas;
– Em caso de emergência, ligar para a Brigada Militar (telefone 190), Defesa Civil (telefone 199) ou o Corpo de Bombeiros Militar (telefone 193).
Fonte: Estadão Conteúdo