Nesta quinta-feira, dia 18 de julho, o Quilombo Êre, localizado na comunidade da Bananeira, foi o cenário de um evento de extrema importância: a oficina “Salvaguardas Socioambientais: Formação para Lideranças Mulheres Quilombolas”. Fruto da colaboração entre doutorandas em Ecologia Humana e Socioambiental da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), as professoras Maria Rosa e Iona Pereira, e com a participação especial de Juliano Cavalli, da University College London (UCL), o evento foi acolhido pelo presidente da associação, Sr. Mestre Badu, e mediado por Markus Breus, contando também com a presença da Rainha Dalva.
O principal objetivo da oficina foi discutir os impactos da instalação de grandes usinas eólicas e solares, assim como suas linhas de transmissão, na região nordestina do Brasil. Enfatizou-se os riscos e danos que essas iniciativas podem representar para os territórios e comunidades locais. A necessidade urgente de estabelecer mecanismos de proteção para preservar vidas, ecossistemas, paisagens e atividades tradicionais foi o ponto central das discussões.
Durante o encontro, foi apresentado o documento “Salvaguardas Socioambientais para Energia Renovável”, que reúne medidas de proteção baseadas nas experiências e observações das comunidades diretamente afetadas pelo Plano Nordeste Potência. Este documento representa um esforço inicial para garantir que a geração e transmissão de energia renovável no Brasil respeitem os direitos humanos, evitando injustiças e racismo ambiental, além de não comprometerem a segurança alimentar e a biodiversidade.
Os organizadores enfatizaram que o documento é um ponto de partida e será constantemente aprimorado com base em novos debates e contribuições. A escolha estratégica do Quilombo Êre como local para a oficina e a participação ativa das lideranças quilombolas destacam a importância desse encontro para promover um futuro mais justo e sustentável para todas as comunidades envolvidas.
A iniciativa não apenas fortalece o diálogo entre a academia, as comunidades tradicionais e outros atores envolvidos, mas também busca estabelecer colaborações eficazes na busca por soluções que conciliem o desenvolvimento energético com a preservação dos direitos humanos e ambientais. É um passo significativo na direção de garantir que as vozes das comunidades afetadas sejam ouvidas e seus direitos protegidos diante dos desafios impostos pela transição energética global.