O Ministério dos Povos Indígenas informou que cerca de 200 fazendeiros na região de Potiraguá, sul da Bahia, coordenaram, via WhatsApp, uma invasão à Terra Indígena Caramuru-Catarina Paraguassu, ocupada pelos Pataxó Hã Hã Hãe. Sob o nome “Invasão Zero”, em colaboração com a polícia, os fazendeiros cercaram a área, resultando em um ataque armado que deixou o cacique Nailton Muniz ferido e sua irmã, Maria de Fátima Muniz (Nega Pataxó), morta.
Os Pataxó afirmam que os fazendeiros buscaram retomar a posse da Fazenda Inhuma sem recorrer a uma decisão judicial, em resposta às reivindicações indígenas pela área, cuja posse, segundo os Pataxó, já foi assegurada pela Justiça, aguardando o procedimento demarcatório da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).
O grupo “Invasão Zero” convocou a reintegração da posse por meio de mensagens de WhatsApp, proclamando “na Bahia, invasão de propriedade não se cria”. Dois ruralistas, incluindo o autor dos disparos, foram detidos, e um indígena foi preso portando uma arma artesanal.
A ministra Sonia Guajajara denunciou o ataque, destacando sua inaceitabilidade, e anunciou que uma comitiva do Ministério dos Povos Indígenas está se dirigindo à região. A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) expressou preocupação com a situação, mencionando a segunda morte de líderes Pataxó Hã Hã Hãe em 30 dias, e solicitou investigações sobre a atuação da Polícia Militar.
Os conflitos na região, marcados pela demora na demarcação de terras, são recorrentes, resultando em sete mortes de indígenas Pataxó nos últimos dois anos. A Apib pediu ação imediata da Funai na demarcação e a instauração de procedimentos criminais e administrativos para investigar a atuação da Polícia Militar, conforme comunicado ao Ministério Público Federal e outros órgãos de Direitos Humanos e Segurança Pública.