Nos últimos momentos de vida, Raphael Melo Voltan deixou registrado o amor que sentia pela família em uma carta feita à mão. “Lutei até onde pude”, escreveu ele ao fim de uma batalha de quase um ano contra um câncer e, mais recentemente, com a Covid.
Raphael morreu por complicações do coronavírus aos 31 anos no domingo (22), em Jundiaí (SP). Ele descobriu o câncer linfoma não-Hodgkin em abril de 2020 – na época, a namorada estava grávida. Neste ano, precisou fazer uma campanha para conseguir comprar um medicamento de R$ 360 mil.
Em entrevista ao G1, a namorada dele, Estela Mastellari, de 35 anos, contou que Raphael apresentou uma piora no estado de saúde e foi internado no dia 29 de julho, com dificuldades para respirar. Ele recebeu alta no Dia dos Pais, mas testou positivo para a Covid-19 na mesma semana.
O jovem morava em Campo Limpo Paulista e precisou ser levado ao hospital municipal no dia 11 de agosto após apresentar febre e falta de ar. Em seguida, ele foi transferido para o Hospital São Vicente, mas não resistiu à doença e morreu no domingo.
“Ele não podia ser intubado, com os tumores no peito não seria possível. Ele ficou no isolamento e, infelizmente, a Covid só adiantou as coisas. O pulmão já estava bem debilitado. Ele queria muito viver. É uma dor tremenda”, disse Estela.
No dia da morte de Raphael, a família soube da carta que ele havia escrito no período em que ficou isolado com a doença no hospital. A mensagem veio como um pequeno conforto diante da dor e da impossibilidade de se despedir por causa da pandemia.
“Amo vocês. Lutei até onde pude. Cuide do Rhavi, eu amo muito ele, todos vocês, fiquem com Deus”, escreveu Raphael em ouro trecho da carta.
A carta ficou com a mãe do jovem, Dilma, que permaneceu ao lado de Raphael durante os dias e noites em que ele ficou internado, enquanto Estela cuidava de Rhavi.
“Ele fazia tudo pelo Rhavi, o amava muito. Era uma pessoa alegre, engraçada. Podia estar fraco, mas fazia questão de estar junto. Amava os amigos e a família. Ele foi muito grato pelo o que fizeram para ele. Graças às pessoas que ajudaram, ele pôde fazer o tratamento. Os pais dele, Dilma e Rubens, sempre estiveram com ele. Ele lutou muito por nós”, disse Estela.